TEMPO DE MUDANÇA
O ciclo das estações traz mudanças nos humores e nas energias de todos os seres vivos. O inverno dá lugar ao novo da primavera; o crescimento do verão se completa na maturidade do outono. Embora o mundo moderno talvez não tome estas alterações como acontecimentos pessoais profundos, as respostas naturais a estes ciclos antigos devem estar profundamente gravadas em nosso corpo e mente. A maioria de nós sente que o período de "Ano Novo" oferece a oportunidade de um novo começo. Algumas tradições reservam ocasiões especiais, no encerramento do ano velho, para relembrar e avaliar as ações e resultados dos últimos doze meses, reafirmando ou alterando objetivos e princípios diretivos. Algo em nós parece ansiar por conclusão, renovação e oportunidade de recomeço. Cada mês parece também conter em si, naturalmente, um padrão completo. O ciclo da lua em torno da Terra passa por quartos claramente demarcados, que se refletem nos ritmos do nosso corpo. Pode ser que nossos padrões mentais e emocionais também apresentem ritmos correspondentes que não notemos habitualmente. Seria a Lua Nova também um momento para afastarmos o velho, e olharmos em frente para novos começos? Até mesmo um único dia forma um ciclo em si- pela manhã, acordamos do sono e, por um momento parece que ainda não estamos presentes: nossos sentidos se projetam em direção a formas, cores, pensamentos. De repente, nós nos encontramos de novo. À noite, quando adormecemos, vivemos um processo similar, ao inverso. Lentamente, perdemos o senso do ambiente que nos cerca, até que, por fim, "nós mesmos" desaparecemos de vista. Dentro do dia, há alterações naturais de humor e de energia, de modo que, em diferentes momentos, podemos notar, mais claramente, certos aspectos da nossa vida. As horas antes do nascer do sol irradiam uma clareza simples, e também uma sensação de frescor e de novos começos, ao passo que o meio-dia gera uma qualidade mais dinâmica, mas também mais complexa. A noite freqüentemente se presta a reflexões. ao perceber como cada dia forma um todo, podemos concluí-lo com uma apreciação renovada do nosso próprio tempo e energia. Quando vamos dormir, podemos considerar que iremos acordar dentro de um dia completamente novo. O que iremos trazer para este novo começo? Se pudéssemos considerar o nascer de cada dia como o início de um novo ciclo dentro da nossa vida, quantas centenas de oportunidades teríamos para permitir que novas possibilidades se concretizassem? Se conseguíssemos trazer um senso de conclusão para o final de cada dia, poderíamos começar a construir nosso auto-conhecimento dia a dia, sobre uma base sólida. Conforme fôssemos passando pelos ciclos maiores da nossa vida, cada mês e cada ano iria nos trazer o fruto de uma atenção mais plena e de uma compreensão mais profunda da nossa própria mente. Ao progredir através dos estágios da nossa vida, poderíamos receber de bom grado cada novo começo, como uma oportunidade especial. Se refletirmos sobre esta natureza cíclica da emoções e pensamentos, poderemos descobrir em nossos pensamentos e padrões emocionais, uma qualidade de mais espaço do que percebíamos antes. Talvez cada momento nos apresente a oportunidade de ver mais claramente o que está acontecendo, pôr de lado aquilo que já não tem utilidade, e abrir-nos para novos começos. Não precisamos perder tempo precioso com ciclos emocionais que pouco prazer têm a nos dar. Com uma auto-compreensão maior, poderíamos ver como estes ciclos começam e passar por eles mais depressa, para apreciarmos os aspectos positivos de cada experiência. Se usássemos estas oportunidades de novos começos e aprofundássemos a nossa auto-compreensão com a conclusão de cada ciclo, poderíamos sentir nossas vidas progredindo como uma espiral em movimento. Em vez de ficarmos repetindo padrões antigos, por formas cada vez mais complexas e confusas, poderíamos nos apoiar em uma apreciação consciente do passado que nos permitisse aprender e mudar. Então, cada novo ciclo, embora repetindo certos padrões do passado, poderia começar num nível mais elevado de compreensão. FONTE: "CONHECIMENTO DA LIBERDADE-TEMPO DE MUDANÇA"- Tarthang Tulku.
TANIA
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